domingo, 30 de novembro de 2008

Vazio

Vazio é o que sinto
está muito frio aqui...
Felicidade é o que minto
mentiras em um ir e vir...

...

No coração a emoção
que vazia viaja, viaja...
Silenciando meu pulmão
alguma coisa esbravejava...

...

Por isso eu não existia,
Pois era óbvio, eu não sabia...
Do grito que vêm me dizer
esperança que vens trazer...

...

O meu corpo é algo oco,
de tão pequeno, é um toco...
Na mente há comparação
uma lente no coraçao...

...

Mostrando toda uma vida
uma vida e um silêncio...
Uma vida que foi traída
Uma vida de amor intenso...

...

Vazio, vazio, vadio
Contentando-se sem amigo...
Nenhum jeito, ou um abrigo,
vivendo num mundo sombrio...

...

Vazio...sinto...ou...
Não?

sábado, 29 de novembro de 2008

http://www.felizdiasdasmaes.eut.amo

Tudo começou bem antes do que se esperava. Foram nove meses de cuidados especiais, de frescuras especiais, de comidas especiais. Foi um amor especial, uma emoção especial- emoção esta que se intensificou após sua chegada (ou pelo menos assim espero e imagino que tenha sido, afinal é o que todos, na verdade todas, dizem ser a chegada de um novo filho). Ele era pequeno, gordinho, não vou falar que era bonito, porque não era. Na verdade parecia
mais com uma bola de futebol americano vermelha, bem vermelhinha de sangue. Não vou falar que ele era legal, pois
chorava mais que Carlito em noite de chuva. Então por que ela o segurava; as lágrimas saindo das beiradas de seus olhos; as mãos trêmulas tocando seu rosto, ou o dedinho de sua mão, que mais parecia caroço de azeitona(existe azeitona vermelha?); o nariz vermelho só de tanto chorar- e um pensamento."Meu filho...Minha criação...Minha responsabilidade...". Como ele é lindo, pensou ela. Tão rechonchudo, tão fofinho e tão engraçadinho. Realmente são coisas que só mãe entende, pois a meu ver ele era uma criaturinha feia, gorda e chata, mas deixemos minha opinião de lado,pois, afinal, hoje é o seu dia e sua opinião, como sempre, será mais importante.
Os primeiros anos de vida foram os mais difíceis. Era Ele pra cá, Ele pra lá. O coitado do irmão Dele ficou
com ciúmes, o que é normal, e mordeu sua barriga, o que não é tão normal. Ele era o xodó da casa e arrisco dizer da
família também. Com o tempo, foi crescendo, não para cima, mas para os lados. Obeso, seria sua classificação
quanto ao peso. O tempo é como o vento: quando menos se espera, a brisa já passou e ele já estava no colégio. A ce-
na foi única, algo que ficou guardado em sua memória pelo resto de sua vida: seu cabritinho com uma roupinha de
colégio, levando uma lancheirinha e uma bolsinha nas costas, se perguntando o que era aquilo, ou o porquê de aquilo
tudo. Porém mal sabia ele- aliás, mal sabia de tudo- que sua mãe se fazia a mesma pergunta. Não foi o dia em que
passou mais tempo longe do filho, mas foi o dia que mais sentiu sua falta. Por mais que ela já tenha passado por
isso antes, tudo na vida, independentemente de quantas vezes aconteça é sempre e unicamente diferente.
Dizem que quanto mais eles crescem maiores ficam os problemas, porém ela não achou que fosse verdade. A
verdade, pensou ela, era "quanto maiores ficam, menores queremos que eles fiquem". Não dá para se lembrar de tudo,
mas algumas cenas ficam gravadas na cabeça, como aquela do primeiro dia de aula, formação no colégio ou ainda cenas
corriqueiras como aquele sorriso que a fez perceber que ele precisaria de aparelhos, ou o dia em que, ao falar, sua
voz falhou, mostrando não só as alternâncias de grave e agudo, mas mostrando que seu bebê estava crescendo. Ainda
se lembra, tenho certeza, do primeiro presente do filho: um desenho torto e mal pintado dela, seus dois filhos e
seu marido e uma camisa toda suja de tinta "feita" por ele. Chorou de alegria quando viu os presentes,entretanto
chorou mais ainda quando o filho dissera pela primeira vez aquelas palavras. "Feliz dias das mães. Eu te amo. Você é a melhor mãe do mundo."
Ele já estava grande, na verdade maior que ela. Não era mais aquela bolinha vermelha, nem tinha aquela voz
fininha de que tanto tinha saudades. Parecia que não se importava tanto com ela e ela esqueceu o sentimento passado
talvez porque fosse meio fria. É engraçado caracterizar uma mãe com o adjetivo frio, talvez ela fosse tímida ou
talvez o problema fosse com ele. Era véspera do dias das mães, não tinha comprado o presente que queria, até porque
mesmo depois de procurar tanto, não achou nada que ela fosse gostar. Era como se nao a conhecesse, como se não tivesse passado a vida toda ao lado dela. Mas decidiu fazer algo que gostava, algo que lembrasse a ela do passado,
lembrasse do tempo em que tudo o que ele fazia era engraçadinho e perfeitinho. Lembrar da emoção.
Porque as coisas materiais passam e se desgastam, mas as lembranças de uma emoção permanecem, eternas, na
memória do coração.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"Eu não vou em um lugar pra ser qualquer um, eu vou a um lugar pra ser estrela"

Mesmo que pareça um pouco grosseiro ou metido demais, foi essa a frase que meu pai me disse e que até hoje não esqueci( e olha que minha memória não é lá essas coisas).
Era uma quarta-feira, mamãe já tinha saído da mesa do almoço, meu irmão ainda no Canadá. Eu conversava com meu pai, e ele com aquele cabelo branco, liso como seda, falava de amor:
- Meu filho, tu só agarra gorda porque tu não dá em cima, tu esperas elas virem, não é?
- Am... É sim, como o senhor sabe?
- Tu és igualzinho a mim.
Nunca percebi esse lado de papai. Não que ele fosse sempre o tipo de pai durão e fechado, muito pelo contrário, mas ele nunca havia falado de ficar com alguém, ou da minha vida particular.
Enfim, ele mudou de assunto, eu quase terminando de comer:
- Meu filho, aprenda uma coisa na vida: nunca seje apenas mais um. Se você fizer algo, faça bem feito e seja o melhor. E seja o melhor...
- Como o senhor? - eu comecei a sorrir, sem perceber.
- Claro, meu filho. Eu nào vou em um lugar pra ser qualquer um, eu vou a um lugar pra ser estrela. - ele começou a sorrir também.


Mas não se é "estrela" sem esforço.